quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Entrevista da Chiara ao Distopic.it!


CHIARA CIVELLO
"Ser bonita ajuda sempre, mas somente se você tiver pequenas ambições."


Muitos dizem que ela estará novamente no próximo festival de Sanremo, mas Chiara Civello prefere não comentar nada. Para ela, o festival mais famoso da Itália está guardado na sua lembrança: "de Sanremo 2012 somente uma coisa me aterroriza até hoje: aquela maldita escadinha!" 

Nas redes sociais em 2012, todos comentavam a incapacidade de Shaggy de se concentrar diante do seu vestido vermelho...
CC : É, vermelho é sempre irresistível.

Beleza rima com sucesso?
CC : Ser bonito ajuda sempre, mas somente se tiver pequenas ambições.

Nas suas entrevistas, você passa a imagem de ser uma mulher muito ambiciosa no trabalho. Acha que a música te priva ou está privando algumas coisas do ponto de vista pessoal? 
CC : A música na verdade agrega, soma e basta. É a minha vida, o modo de conhecer o mundo e as pessoas.

A música atrapalhou sua vida pessoal? 
CC : Certamente viajando tanto nunca foi fácil manter manter um relacionamento, se é isso que está se referindo, mas eu não tive histórias com pessoas que me esperavam em casa. O importante é apaixonar-se. Isso não pode faltar. E a música não me tira isso, pelo contrário. 

Em uma época você pegou um avião e saiu da Itália para a América. Para quem ficou, sobraram os shows de talentos. Você gosta? 
CC : Esse conceito é divertido como forma de entretenimento para a televisão. Eu não tenho televisão, então não acompanho. Mas se isso se tornou o único critério para reconhecer talentos, me entristece.

Seria uma boa jurada?
CC: Creio que não seria capaz. Quem sou eu para julgar ou mudar outra voz? Cada um acha sua própria voz dentro de si, trocando com o público ou com grandes professores que cada um escolhe, não quem o escolhe.

Você tem uma paixão declarada pelo Brasil, país de grandes contradições, assim como a Itália. O que fez você se apaixonar pela cultura verde-amarela?
CC : O frescor, a jovialidade, a liberdade, o acolhimento, a passionalidade, a visceral e diária convivência com a música, a literatura, a poesia. Tudo.

A Itália é um país que você gosta? Musicalmente somos os maiores da melodia, como você disse, mas não crê que perdemos um pouco daquele brilho que nos caracterizava no mundo. Culpa da crise ou tem outros fatores?
CC : Acredito que se perdeu um pouco da reciprocidade com os repertórios internacionais, como acontecia nos anos 60, 70, período em que as musicas italiana eram sucesso em países como Brasil e EUA e vice-versa. Talvez nos últimos anos a música aqui foi muito nacionalizada, e falta um pouco aquilo que chamo de "internacional popular".

Não pensa que sua popularidade seja inversamente proporcional na Itália com aquela que há no exterior? É frustrante ou você não se importa particularmente?
CC : Não é bem assim, digamos de uma vez por todas: eu permaneci na Itália muito pouco. Agora estou aqui e me faço ouvir mais, é isso. Infelizmente - sorri - no entanto eu não tenho o dom da ubiquidade, senão não teria deixado a Itália enquanto absorvia o resto do mundo. 

Gosta tanto do mundo alternativo quanto de mainstream. Você agrada os fãs tanto de Carnesi, Gil, de Tenco ou de Sanremo. Em que direção caminha seu percurso artístico?
CC : Quero crescer e aprender coisas novas, compor com pessoas diferentes, e continuar como intérprete, o que está me dando grande satisfação. Amo Nicola Conte e quero que ele produza outros discos meus.

Da Chiara fora da música não se sabe muito. O que a emociona? O que gosta de ler ou assistir no cinema? 
CC : Sou de gêmeos, o que me emociona hoje pode me aborrecer amanhã. Mas tem coisas que permaneço fiel. Gosto de poesia, Sandro Penna, Umberto Saba, Amélia Rosseli, Mario Quintana, Emily Dickinson, Clarice Lispector, Patrizia Cavalli. Gosto de literatura e cinema. Estou vendo filmes dos anos 70, tanto pela sua bela maneira de ousar quanto pelas musicas incríveis.

Sabemos da sua paixão por exercícios e bem estar em geral...
CC : Sim, eu preciso correr, me mover, suar, não por uma questão estética, meu organismo pede: ter o meu corpo em forma para oferecer a minha alma um lugar confortável e belo para habitar e se expressar.