quarta-feira, 25 de junho de 2014

Marie Claire Itália: "As canções de Chiara Civello"

As canções de Chiara Civello
Entrevista com a cantora e compositora romana: "o amor da vida conquisto com um sorvete de lavanda"
Francesca Zaccagnini



Chegou no Brasil por uma desilusão de amor e encontrou alegria e inspiração. Agora, Chiara Civello, cantora e compositora romana, com uma voz sensual que mistura jazz e soul à bossa nova e que encantou platéias do mundo todo, volta para a Itália com Canzoni, seu primeiro disco totalmente de intérprete, no qual reconta alguns clássicos da música italiana. 

Como nasceu Canzoni?
Depois de quatro álbuns de cantora e compositora quis explorar algo diferente em mim e senti a necessidade forte de fazer um tributo à música italiana, logo eu, que passei tanto tempo fora do meu país. Queria externalizar todo o som que absorvi em todos esses anos que morei na América e depois no Brasil, dentro desse disco que inclui músicas dos anos sessenta até hoje, com Capossela, Vasco Rossi, Subsonica, Negramaro. Não queria fazer uma operação nostálgica mas uma revisitação internacional da música italiana

Com qual canção começou o álbum?
Com Incantevole, que é também o primeiro single. Porque no início queríamos fazer só grandes clássicos mas depois decidimos torná-lo mais contemporâneo e então começamos a escolha dos mais jovens. E junto a Nicola Conte essa de Subsonica foi a primeira que fizemos de fato "nossa".

Qual canção ficou de fora por um motivo ou outro?
Foram muitas. Mas como me sinto satisfeita com esse trabalho, do qual gosto de tudo, da seleção aos arranjos, não excluo a possibilidade de haver um volume 2. Então acabarão lá, cedo ou tarde. 

Entre os jovens que escolheu "recantar" não há nenhuma mulher. Como assim?
Sabe que não notei? Mas, desculpe, quais são as mulheres autoras de sucesso atualmente? Ando vivendo muito fora...

Ah, tem Elisa, Laura Pausini, Georgia, só para mencionar algumas. Não só: nunca colaboraste com uma mulher italiana, mesmo que no exterior tenha duetado com muitos artistas...
Mas bem, tem razão, absurdo...ah! Não! Escrevi uma canção para Paola Turci! "Cuore distratto", belíssima, gosto muito.

O que você encontrou no Brasil que não achou em nenhum outro lugar?
A alegria, a eletricidade. São, como diz a grande poetisa Patrizia Cavalli, profissionais da alegria. Me ensinaram muito, partindo de como é importante colaborar, para estimular-se e criar. 

O que sente falta do Rio quando está aqui na Itália?
Sinto falta dos amigos, do mar carioca, sinto falta de correr ao redor da Lagoa, deixando rolar os pensamentos. 

Que sugestão de local daria para quem vai ao Brasil?
A Prainha, uma bela praia quase fora da cidade. Ande lá pela manha, onde estão os surfistas, tome café em um dos quiosques. Depois vá ouvir os shows no Circo Voador, na Lapa. E depois São Paulo, onde se come muito bem e às praias de Salvador, absolutamente incríveis. 

E de Nova York, onde tem uma casa e viveu por muito tempo?
De NY sinto falta da variedade de estímulos, dos shows à moda. Ali encontro as botiques mas também os brindes vintage, pelos quais sou apaixonada. Como pode notar da capa [do CD]: o vestido não é desenhado mas refeito em Santoria Farani de Roma, com base numa das roupas usadas por Florinda Bolkan em Metti una sera a cena. Não existia uma foto de frente então tivemos que inventar.

Por que aquele vestido?
Porque me interessava aquela estética, elegância incrível e muito sexy, que é também extremamente moderna do cinema da época, de La decima vittima a Metti una sera a cena, que é um dos meus filmes preferidos. Uma moda que valorizava tanto o corpo feminino. 

Tem uma noite de jantar: quem chamaria? 
Todos! Certamente uma "presa" em potencial mas também tantos amigos, mesmo que não se conheçam entre si, para criar um clima diferente porém divertido. 

E o que serviria? 
Certamente sorvete de lavanda. Porque, há muito tempo, vivia em NY e era apaixonada loucamente por um cara. Então o convidei para jantar mas no momento de fazer o menu fiquei perdida e chamei uma amiga para pedir-lhe conselhos. E ela me disse "sorvete de lavanda! Vai até o Dean&Deluca e compra, é infalível". E tinha razão. Funcionou. 

Qual é o segredo para fazer dar certo uma história de amor? 
A alternância entre presença e ausência. Rainer Maria Rilke disse que a receita para um matrimônio duradouro é saber recriar o mecanismo de separação e reconciliação, entre distância e encontro, infinitamente. Estar junto continuamente é prejudicial, até na convivência. É preciso estar comprometido com a própria vida para criar um amor que dure para sempre.

Se não fosse uma cantora?
Desde criança adorava o cheiro de gasolina e cheguei a perguntar como fazia para ter um posto de gasolina! Não sei, talvez iria querer ser atriz. Sim, teria gostado.

E agora, que perfume gosta?
Tenho três entre os quais oscilo: um é Incenso di Comme des Garçons, depois é Melocule 01 e Melograno di Santa Maria Novella. 

Próximos projetos?
Em 15 de julho iniciarei as datas ao vivo e depois no outono começa a turnê de fato. Que me levará ao redor do mundo novamente. 

E agora?
Ah, agora estou um pouco aqui! 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Matéria do Il Foglio Quotidiano

Acreditamos que, apesar de eventuais estranhezas que possa o referido texto possuir, sua intenção, de início, foi somente descrever uma das facetas do poder vocal da Chiara Civello: a sensualidade, elegância e a capacidade de criar um clima intimista nas mais variadas canções. A tradução é livre e algumas palavras foram substituídas por seus sinônimos mais suaves em português, pra facilitar a compreensão.

A italiana que exala feminilidade
Elogio irrestrito à Chiara Civello e ao seu novo disco sexy


Tonny Bennett disse que Chiara Civello é a melhor cantora jazz da sua geração. E todos tornam a repetir, porque é fácil de lembrar, porque pega bem, porque está escrito na Wikipédia. É preciso um longo tempo para ouvir as músicas mais significativas de Lala Hathaway, Norah Jones, Jane Monheit, Madeleine Peyroux e obviamente Diana Krall, e se pensa que o velho crooner seja sincero ou ao menos Frank Sinatra. 

Este não é o melhor início para um artigo em que proponho elogiar desenfreadamente Chiara Civello e seu último álbum, eu sei. Mas me serve para dizer que é inútil fazer comparações: cantar, todas listadas acima são capazes, mas é na feminilidade onde não existem rivais para a italiana. Canzoni talvez não seja um disco jazz, talvez nem apenas um bom disco (os responsáveis pelo sound foram Nicola Conte e Eumir Deodato, que deram o melhor, respectivamente, nos anos zero e até mesmo nos anos setenta), mas é um poderoso lembrete do amor físico e isso se deseja no limiar do verão de 2014.

As 17 canções de Canzoni fazem parte do repertório da canção italiana clássica, Morricone, Buscaglione, Gino Paoli, Paolo Conte, Mogol-Battisti, Jimmy Fontana, os campeões de uma época cujas canções eram trilha sonora de Eros. Se me chamassem para fazer a escolha da trilha sonora de um filme com homens e mulheres que na Itália de hoje se procuram e se encontram, eu fugiria, de tão triste que estão nossos novos autores (ex. Le luci della centrale elettrica, de Vasco Brondi), e colocaria Jon Hopkins, Nine Inch Nails, Black Keys. Ou chamaria Chiara Civello: basta um início de um sorriso, uma leve respiração, para transformar a música mais inofensiva em um afrodisíaco para se ouvir sob supervisão médica. Porque ela tem a voz mais destacada de sua geração, um registro incontestável da cantora nascida em Roma, dado insignificante porque muitas pessoas nascem lá, mas siciliana de Modica, muito mais interessante pela sensualidade e preciosidade de uma pequena cidade de igrejas barrocas e chocolates saborosos.

Quem sabe porque a Val di Noto (região da Sicília), produziu tantas belezas assim tipicamente italianas, e penso em Loredana Cannata, Anna Valle, Rosalba Misseri, Valeria Solarino, Margareth Madè. Entre estas, a beleza mais italiana de todas é mesmo aquela de Venere di Modica, intocada pelo exotismo. Só que o povo italiano é fruto de várias misturas, mas constato que existe um biótipo por assim dizer baricêntrico, uma peculiar combinação de genes que só os italianos podem ter e que portanto Chiara Civello, que com prazer verei crescer.

Sedutora mas não exótica, quando Chiara canta parece que canta para você

Sexy mas sem ser exótica, digo, e sem tomar o atalho da sensualidade que é a ambigüidade. Para atrair ela não necessita parecer um pouco lésbica ou um pouco homem, como por exemplo, Emmanuelle Seigner, para citar uma intérprete de outro disco erotizante lançado a pouco, que tem o charme ameaçador de um travesti. Ela não precisa falar palavrões, é o contrário de uma rapper, e também diferente da deliciosa Camille de “too drunk to fuck”. Não deve ter tatuagens, explícita ou ser vulgar: a sua precedente é Mina, felizmente censurada em “L`importante è finire”. Para ter tudo, o melhor é não dizer tudo. Nem mostrar tudo, como se percebe na fabulosa foto de capa, citando Florinda Bolkan de Metti uma sera a cena, que deixa descoberta uma nada estreita faixa do corpo, do ombro ao tornozelo, e nas músicas antes e depois do vestido que levam finos cordões que não desejamos nada além de desfazer ou cortar (e na penúltima canção canta: “usa-me, tortura-me, rasga-me” que é uma coisa boa).

Não tenho certeza se a homossexualidade tem cura, mas se ela existe é uma mulher com a cara, a voz, as palavras e o corpo tipo Chiara Civello. Tenho certeza que Canzoni pode ajudar aos que sofrem de “assexualidade”, outra doença contemporânea. Existem pessoas que não consideram a opção do amor físico se a canção não os remete à existência. Outra parte sexy do disco é o cover de Va bene, va bene cosi, onde uma voz com o tom perfeito e a pronúncia decidida: O que faremos, estamos juntos esta noite, vai... e depois de um sax chega a poesia do fato consumado: “Você percebeu que fizemos amor, sim?“ Quando cantado por Vasco parece que ele canta para um estádio inteiro, cinqüenta mil pessoas e portanto, ninguém; quando Chiara canta, parece que está dizendo a você.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Entrevista completa para a Radio Dimensione Musica!

No dia 19 de maio a Chiara esteve numa rádio romana para falar do novo álbum, Canzoni. Dentre as entrevistas de rádio concedidas nesse período, com certeza essa é uma das mais divertidas e diferentes. Ao longo de vários minutos a Chiara fala de filmes, música, carreira no cinema, fãs brasileiros e, como sempre, fala muito do Brasil em geral! Transcrevemos em português pra vocês. :)



Agora então teremos uma convidada especialíssima, Chiara Civello! Boa tarde! Olá, como estás?

Oi! Muito bem, boa tarde!


Então Chiara, dia 06 de maio foi lançado este álbum, se não me engano seu quinto álbum que se chama Canzoni, foi uma necessidade tua de tornar-se interprete, além de cantora e compositora.


Bom, no meu quinto álbum, me fiz duas perguntas, eu que sempre tenho vontade de descobrir coisas e caminhos diferentes, em todos os álbuns coloquei algum cover em italiano, ou alguma música que amo particularmente, por razões pessoais ou musicais ... e agora eu quis me vestir somente de intérprete e não de cantora, o que não significa que deixei de escrever canções, mas que abri um caminho paralelo, muito bonito, entusiasmante, rico, que me fez descobrir um lado que tinha em mim mas que não era dominante, o de intérprete. Também escolhi o repertório nas músicas que sou habituada como o jazz etc., no repertório italiano e escolher as músicas que podem representar tudo que eu vivi dentro das nossas canções.

Absolutamente! Não se deve achar que um álbum de cover seja apenas cover, Canzoni, não é um álbum de cover, é um disco onde você pegou canções do passado, mas também algumas músicas de um passado mais recente e refez a seu modo, mas sem alterar a essência. Quanto isso é difícil?

Se você tem a ajuda das pessoas certas, criativas, não fica tão difícil quanto parece. Eu tive a sorte e a intuição de chamar Nicola Conte como produtor e esse encontro se revelou como um casamento musical perfeito criativo, e chamamos também um grande arranjador que é o grande Eumir Deodato. Ele ama não somente os grandes crooners americanos, ele foi um dos produtores do clássico álbum de Sinatra e Jobim. E é perfeito, porque a estrutura, a arquitetura sonora foi criada em estúdio com a banda e eu me reescrevi em cima desses arranjos e fizemos a gravação em Praga, com a orquestra sinfônica, são arranjos muito bonitos, é como se colocasse tudo num tapete voador, como se tivesse dado asas às canções...

É isso mesmo que se percebe no álbum. E a tua dificuldade de escolher as músicas, porque são 17 faixas, foi difícil?

É, eu não sou boa com escolhas, ou em eliminar alguma coisas quando tudo funciona. Pensei também pela ótica desta crise [da economia italiana], que ninguém compra disco, se alguém o faz temos que ser generosos, e também ocupar todo o espaço que tem no CD. Nós, em três dias, conseguimos gravar tantas canções, a banda estava muito entrosada, ao meu redor Nicola conseguiu construir um som, exatamente como um vestido sob medida, perfeito, e eu me senti super livre para interpretar, e foram tantas músicas em tão pouco tempo que ficamos em dúvida na escolha, qual deixaríamos de fora. Fizemos também algumas versões estrangeiras, mas são à parte, para o mercado exterior

Bom, e qual foi a que você deixou de fora, por um motivo ou outro não aparece no disco?

Não, todas as músicas que eu queria assim de maneira visceral, estão [nele], e são 17 mais as versões ao todo são 21, sendo que 3 são versões em outras línguas... então estão todas... a outra pergunta é: por que estes autores...bom foi uma escolha instintiva, ligada à momentos e do feedback que Nicola me dava, nós fizemos uma lista enorme de músicas, e antes de entrar em estúdio, na pré-produção, Nicola fez um esforço imaginativo para saber o quanto poderia ser feito para dar aquele som internacional que queríamos para as canções. O feedback dele foi fundamental mas eu também não tive escrúpulos, eu falava: vamos fazer um volume 2, volume 3 (risos)

Que maravilha... eu penso que essa é a chave realmente para um ótimo trabalho em estúdio, e tem todo uma produção, que é fundamental... mas também não se por limites, porque nesse momento, não há um bloqueio artístico, e para o musico creio que é um erro muito grande. Bom... a música que vamos ouvir agora... você escolheu autores nada importantes (risos). Bom, pra mim é um dos mais belos e difíceis, você que pode me dizer melhor, mas se confrontar com um autor assim... Lucio Battisti...

É, grande Lucio Battisti, na verdade, foi muito natural porque é uma das canções mais belas, e eu viajei muito, tenho um filtro das mais belas canções, e não foi difícil cantar essa canção, ainda mais com uma voz maravilhosa como a de Ana...



Foi uma colaboração que não foi apenas boa, foi perfeita, e se não me engano, você a fez escutar a música no carro.

Aconteceu assim: a fiz escutar, em alguma das suas viagens a Itália, mas foi tocando violão, ela se encantou com a melodia, me lembro muito bem... talvez pensávamos em fazer uma versão em português, mas aí eu falei a ela que faria esse álbum de covers italianos famosos, e disse que gravaria E penso a te, e a fiz ouvir a base que tínhamos feito para a música e ela disse: "Eu quero cantar com você, senão a gravarei no meu próximo disco" (risos). Eu disse "óbvio, claro". E nós também já fizemos tantos duetos...eu digo que nossas vozes combinam muito...

Sim... se enlaçam muito muito bem...Bom, vamos logo escutar E penso a Te, na versão de Chiara Civello.

(...)

E penso a Te, uma canção linda de Lucio Battisti, acompanhada de uma fantástica voz. Falávamos de Canzoni: um álbum cheio de colaborações, cover, e duetos, grandes nomes de fora da Itália...porque você viaja muitíssimo, se não me engano você retornou antes do Natal, de uma viagem do Brasil. Como faz para viajar tanto?

Olha, na verdade, passei muito tempo no Brasil porque ali tive várias oportunidades, belíssimas, onde vou retornar para apresentar o disco, e por muitos anos minha realidade foi Nova York, e tento deixar ativo este triangulo geográfico, porque é importante para mim ter esse contato com vários países, pessoas diversas, me enriquece, porque sou uma pessoa muito curiosa, muito vivaz (risos)

Escuta, mas como é ser uma jazzista, uma cantora jazz na Itália?

Olha, eu não faço esse tipo de reflexão e eu, por natureza, não me prendo a rótulos, a definições, eu na vida faço muitas experiências, não ergo bandeiras, sempre me senti livre em tudo que faço, mas estilisticamente tenho o jazz e também o pop. Na verdade este disco flerta com o northest soul, outro tipo de jazz, bossa nova, e representa tudo que vivi. Eu acredito muito que essa maneira pessoal de interpretar as músicas que se ama é a melhor porque é a mais sincera, real, e coloca no universo essa maneira realmente tua.

E seguramente esse senso de liberdade estava aberto nessas tuas viagens pelo mundo.

Sim, com certeza, muito importante

Também se relacionar com públicos diferentes do italiano...

Certo, tudo faz crescer muito, porque se percebe como a música é vivida nos outros países. Infelizmente, na Itália, a musica foi resumida a um fenômeno muito televisivo. Eu acho que não tem um culpado, acho que se perdeu o hábito de se procurar as coisas belas, de assistir ao vivo, de participar do desenvolvimento criativo de um artista, mas não tem um responsável. Eu acredito que um italiano médio não convive com a música como um brasileiro ou norte-americano médio. Se você vai ao Brasil você vê que o brasileiro vive, tem uma participação na musica, e nas coisas novas que lançam são belíssimas, viscerais. Tantos trajetos criativos de tantos artistas e cantores. Aqui a maioria fez fama através da TV, exceto os grandes. E esse tipo de dinâmica é que falta. Por isso viajo tanto.

É, aqui estamos parados, porque temos muitos artistas feitos pela televisão, que sim, vende muito, mas um álbum, mas depois disso, as pessoas perguntam: mas de qual reality era esse cantor... tem uma confusão grande. E sim, tem os artistas de verdade, que as vezes não tem vez aqui. Ao invés você disse que no Brasil o público é muito ativo

Não é uma critica que eu estou fazendo, é um discurso cultural. Creio que na Itália a pessoa tem uma distância da música. No Brasil as pessoas já a tem no DNA, é maravilhoso de ver, tenho tantos amigos que me seguem, grupos que sabem mais da minha vida do que eu mesma. (risos). Até coisas que eu não sabia, acham matérias desconhecidas, é maravilhoso, estou falando por exemplo do Stesa sul Sofà ( :) ), que é não só um fã clube, mas uma fonte biográfica!



Até você vai atrás de informações de você mesma! (risos) 

Tantas vezes! (risos)  Elas acharam uma cena de um filme, que eu fiz quando tinha 13 anos, de verdade!

Ah vou perguntar a você sobre isso, agora vamos ouvir Va bene, va bene cosi, ela é Chiara Civello.

(Toca Con una rosa)

Con una Rosa ela é Chiara Civello. Vinicio Caposella tem um lugar especial no meu coração, imagino que no seu também, é de uma sonoridade, é um grande.

Sim, com certeza...ah que pena você queria ouvir Va Bene va bene cosi... 

Não, tudo bem, estou fazendo uma propaganda e todos aqueles que querem ouvir a sua versão de Va bene cosi, de Vasco Rossi, vão ir correndo comprar seu CD, correndo mesmo.

Ah como você é estrategista! (risos)

Ah sim, queremos estratégias (risos). Queremos as datas, mas você me disse que ainda estão organizando o turnê.

Bom, a turnê estamos organizando, um período que vai de setembro em diante, mas teremos algumas apresentações, não sei ainda dizer os dias precisamente.

Ah sim, sem agenda não se pode falar nada, mas tudo se pode encontrar na sua pagina oficial do Facebook.

Sim que é Chiara Civello Official, comunicaremos todas as datas através do facebook, que está sempre muito ativo, com datas, promoções, hashtags, coisas interessantes.

E entre isso eu soube que na sua pagina tem um “concurso” muito interessante, muito fofo, que vai até 30 de maio, se não me engano, que se pode mandar uma foto com o CD numa paisagem do lugar que mora.

Ou pode ser numa paisagem bela, que a pessoa goste...

E se participa desse concurso...

Sim, nos países que o álbum ainda não chegou pode-se tirar a foto com #chiaracivello #canzoni, em uma paisagem bonita, e no álbum da minha pagina já tem várias fotos muito lindas, por exemplo, #chiaracivello no Cristo Redentor, de Rosilene, e passando, vemos outras, creio que essa foto é em um museu em Barcelona, e esse outro em Lisboa. E provavelmente faremos assim: quem já tem o disco receberá uma foto com autógrafo e quem não tem receberá um CD...

Sim, são fotos muito bonitas

Sim são fotos muito fofas!

Esta outra foto de Bianca em uma paisagem belíssima, com o CD e sempre tu em pé na foto (risos) muito linda

Obrigada!

E uma coisa que percebo que está se perdendo é esse requinte do álbum, desde a capa, até o encarte, porque agora se vende o single em formato digital, e tem gente que não se importa, mas não, isso tudo conta muito...

Tudo é importante, tudo ajuda e contribui.

Escuta, quem foi o fotógrafo da foto de capa?

Essa vez eu chamei um grande fotógrafo, de cinema, que é Fabio Lovino, que embarcou comigo na missão de não fazer uma coisa fashion, e elaboramos um conceito que foi inspirado, no filme Metti una sera a cena, foi quase um remake.



Sim, é uma linda capa, muito elegante, e agora, quando você falou sobre o fotógrafo de cinema, lembrei do filme que você comentou (risos). Eu ia falar sobre cinema, sobre trilhas sonoras de filmes, e ai descobri que você já atuou em um filme!

(risos) Eu fiz apenas uma cena, e foi muito engraçada, porque era a cena de uma adolescente que fuma pela primeira vez (risos)

E você fuma?

Não...não, sou uma fumante social, quando tenho companhias, um cigarro e tal... e era perfeito porque eu também nunca tinha fumado aos 12 anos, então foi como uma cena real mesmo (risos)



Bem, e trilha sonora de filmes, você gosta? Suas músicas cabem muito bem em trilhas de filmes.

Sim, tem muito cinema dentro deste disco. Eu e Nicola somo apaixonados por cinema, por exemplo, Metti una sera a cena, como eu recém falei, também trilhas de Rita Pavone, Bacaloff, Milliacci, que é Che me importa del mondo, que é a trilha do filme La noia, onde tem uma cena belíssima de Catherine Spaak, que dançava sob uma vista maravilhosa, é de 1964 acho, é cantada na versão em espanhol. E tem tantas outras coisas que representam o cinema italiano.

Sim, é importante, gostou do ultimo filme que assistiu?

O último que assisti não é recente, é de 65, espetacular, com Stefania Sandrelli, que é Io La conoscevo bene, que é belíssimo, tem muitas musicas italianas, não somente, tem uma belíssima canção de Sergio Endrigo, Mani bucate, a historia é muito triste, mas é um grande filme.

E algum outro mais recente, no cinema?

Eu vi todos os filmes do Oscar, gostei muito de Clube de Compras Dallas, O lobo de Wall Street, gostei de vários.

E o Oscar que a Itália ganhou, concorda ou não? (melhor filme estrangeiro)

Eu sou absolutamente a favor, porque é muito importante para a Italia, penso que Sorrentino (Paolo Sorrentino) fez belos filmes, o meu preferido é o primeiro que é maravilhoso, que se lembro se chama L ´uomo in più (2001), muito bonito, sim e como não ser a favor de um Oscar do próprio país? 

Eu também, mas sabe que passamos vários dias debatendo e vários ouvintes eram contra... pra mim foi um belo filme, não o melhor, mas... mas se um dia: Chiara Civello e Oscar de melhor canção, quem você agradeceria? “E o Oscar vai para Chiara Civello!”

(risos) Eu não sou muito boa com esses improvisos, mas certamente agradeceria a todos que tivessem me ajudado naquela canção, pessoas que estavam comigo em momentos importantes da minha vida. Obviamente minha família, minha nonna Bianca que me introduziu à música, a lista seria longa, mas eu não faria aqueles discursos longos, melosos e dramáticos... eu não...

Disse um professor hoje que essa nostalgia, faz parte da mente dos italianos, porque há tantas músicas que falam dela.

Olha, eu sou muito romântica, sentimental, e às vezes muito emocional, as características italianas eu tenho todas. Neste disco, por exemplo com Nicola Conte, nós fizemos um tributo, que não dependia de “gritos”, de pressão da voz, em resumo, é meio que ao contrário da tendência do típico canto italiano, das músicas italianas, e essa tendência ao melodrama eu a tenho naturalmente, mas, neste disco, nós o fizemos aos “sussuros”.

Agora ouviremos uma canção que Chiara resgatou, se não me engano, do início dos anos 2000....

[Mentre tutte scorre]

Chiara Civello, esse disco é todo para descobrir! Então, andem, corram para comprar e ouvir e depois façam a foto com #canzoni #chiaracivello... Bom Chiara, teus contatos, teu site:

Chiaracivello.com, Chiara Civello Official

Ali vocês encontraram as datas do tour e apresentações, e nos avise também quando estará se apresentando em Roma.. Te agradeço por estar com nós. Agora o último favor que te peço, Chiara, se torne a DJ e escolha a última música que iremos ouvir aqui...

A canção que quero ouvir agora é um tributo a um dos grandes, Sergio Endrigo, Eu, Chiara em dueto com Chico Buarque em Io che amo solo te

Verdadeiramente perfeito...

Obrigada...