sexta-feira, 16 de maio de 2014

Il Fatto Quotidiano: "A música para reviver"



 Il Fatto Quotidiano 12 maio de 2014

O mundo na sua voz
Civello, a estrela antistar: A música para reviver
A sua música é um trem que viaja na contramão: chega a Itália, mas parte de longe, América do Norte e Brasil. Contramão porque é lá longe, do outro lado do oceano, que Chiara Civello, romana de nascimento, porém itinerante de moradia, 37 anos, começou a compor canções. Sempre lá, em Boston, estudou música, mas a tem no DNA, herdado da sua avó, que tocava harpa e piano, e que transmitiu a Chiara geneticamente este desejo criativo. Colocando-a em frente ao piano e estimulando a abertura mental para a imaginação, enquanto ela, a nonna, acabava os afazeres domésticos. Chiara descobriu as notas assim, enquanto tocava sozinha as teclas brancas e negras do piano. As primeiras lições de solfejo aprendeu entre a sala e a cozinha. Coração de avó, a mítica Bianca, disse para os pais: façam-na estudar porque tem ouvido musical. E assim se fez: adolescente, Chiara se inscreveu em uma escola de jazz e sua primeira professora foi Edda Dell´Orso, da qual a bela voz de soprano será sempre ligada à trilha sonora do filme Giù La testa, de Ennio Morricone.

O resto fez ela própria. A coragem de partir para longe de casa, aos 18 anos, e a vontade de ter na carteira de identidade “musicista”. Com esses olhos e essa voz, estejam certos que ela conseguirá, disse então a avó. Estradas que mudam, e aviões, tantos. Em um instante muda de língua, sociedade, cultura, casa, comida e pele. É uma marca clara que para Chiara representa a conquista da independência e uma vida calibrada pelos seus esforços, seus sonhos e sua energia, que quanto mais consome, mais gera. Agora de volta a Roma, depois de ter colaborado com artistas de meio mundo, Chiara lança o primeiro álbum como intérprete chamado Canzoni. Feito com o melhor da música italiana, que termina com Arrivederci, letra e música de Umberto Bindi. Com a voz macia, de tons aveludados, e um caminho que nem Bindi consegue explorar. Porque ela é a intérprete, não mera executora. Ela trata as canções com o devido respeito, as trata com cuidado, mas depois as torna uma coisa sua, não uma cópia da cópia. 



Trilhou seu caminho nos bares e restaurantes de Boston e Nova York, enquanto os clientes tomavam seu brunch: Não me importava se o público estivesse distraído com o seu ovo ou o bacon – conta ao Fatto, em um lindo dia que respira o início do verão, sentada em um bar nas proximidades da praça Vittorino em Roma – Eu, naqueles palcos, dava tudo de mim. E em certo ponto, de repente, as pessoas deixavam o seu café para ouvir a nossa música. E ela, todas as semanas, reinventava as canções suas e de outros artistas. E, basta um encontro, se tem a voz e a fantasia, pode se permitir tudo. Com este trabalho reavi minhas raízes italianas, a música que me acompanha desde sempre. Há também Vasco Rossi, uma homenagem a Enzo Jannacci e também a Sergio Endrigo, o maior autor italiano. Mas procurei fazer do meu jeito e retransmitir as canções como a minha voz pode fazer. Interpretei, e considero uma pausa, mas nasci como compositora e cantora. Os primeiros testes foram feitos com músicas minhas. Também coloquei o meu som, não apenas a voz. Eu quis tocar como toco todo o resto, o repertório italiano. 

E assim nasceu Canzoni, um disco italiano com sound internacional. Entre os intérpretes encontramos Chico Buarque e Gilberto Gil, que aceitaram o convite de Chiara e a ajudaram na sua missão: solidificar a maravilhosa ponte musical entre Itália e Brasil feita de verdadeiras obras-primas. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Revista Suono e Ritratti di Notte destacam a elegância do Canzoni



Suono

Na voz de Chiara Civello habitam tons de emoção, um equilíbrio entre doçura e sensualidade que faz o nosso coração sorrir. Um prazer que devagar vai nos invadindo e nos deixando sem força, cheio de alegria. 

Passaram-se nove anos desde a estreia de Last Quarter Moon, um intervalo repleto de experiências. Agora com seu quinto álbum Canzoni, Chiara inicia outra viagem, coloca à prova sua veia artística e a si mesma, buscando inspiração na imensidão de canções que são parte dela e acompanham a trajetória de todos os nossos artistas: a música italiana.

A seleção das dezessete canções foi feita sendo fiel a tudo que a marcou no seu percurso, uma antologia de composições de lembranças de uma vida, e que na nova interpretação mostraram uma face inesperada até então escondida. 

Na realização deste trabalho a contribuição de Nicola Conte, refinado DJ e produtor e do engenheiro de som Tommy Cavalieri foram de suma importância. 

O fruto disso é um soube elegante e sedutor, que integra o soul à bossa nova e ao jazz, até o pop internacional. Os convidados que custam com Chiara são artistas consagrados: Ana Carolina, Chico Buarque, Gilberto Gil e Speranza Spalding.

A intenção da intérprete romana era evitar o impacto nostálgico, condensando o soul que adquiriu ao longo de sua carreira internacional e transferindo-o ao repertório italiano. O disco foi gravado entre Rio de Janeiro e Bari, os esplêndidos arranjos feitos por Eumir Deodato e acompanhamento da Orquestra Sinfônica de Praga, formada por musicistas de todo o mundo.


Ritratti di Notte




Canzoni: Chiara Civello reinventa os grandes clássicos da música italiana

É o título do quinto álbum de estúdio da cantora e compositora Chiara Civello, que pela primeira vez é apenas a intérprete de alguns dos grandes sucessos da música italiana. Com a produção artística de Nicola Conte, arranjos de Eumir Deodato e acompanhada pela orquestra sinfônica de Praga, o resultado se percebe rápido e claramente: Canzoni é um disco elegante. 

Inovando através das múltiplas referências musicais e homenagenado o cinema italiano dos anos 60 e 70, o disco faz uso de uma matéria prima específica: se trata de algumas das mais belas e famosas canções italianas que fazem parte dos anos de ouro da música italiana, mas com uma grande remodelação de sons e idéias: o soul se mistura com a bossa nova, o blue eyed soul ao jazz e ao pop internacional, tornando o trabalho ainda mais rico com as prestigiosas contribuições de artistas de respeito como Gilberto Gil, Chico Buarque, Ana Carolina e Esperanza Spalding. 

Chiara Civello soube redistribuir as cartas na mesa: muito conhecida no mundo, graças a sua particular voz, a artista seguiu o conceito temático do amor para compor um trabalho que pudesse conter a sua concepção das músicas, e, ao mesmo tempo, homenagear as origens da sua cultura.

Leve, fluido, aveludado e agradável, Canzoni representa a ocasião para reencontrar as 17 músicas inesquecíveis. 



Chiara Civello não se impõe limites, a sua voz passeia do sussuro persuasivo ao som mais intenso, equilibrando sempre a harmonia dos opostos.

sábado, 10 de maio de 2014

Entrevista para o site Velvet Music!


Chiara Civello: “ Vasco escreve letras admiráveis. Sanremo 2015? Pode ser...”





Velvet.it – 09 maio 2014

Um disco perfeito para levar nas férias. Imagine aquela longa viagem de carro, com a costa que te seduz e atrai: os mares do sul, o nosso sul, que terão maior força evocativa, se dirigir ao som do último álbum de Chiara Civello, Canzoni. Há meio século Carlo Levi dizia (e escrevia): O futuro tem um coração antigo. O que é um pouco o coração do novo trabalho da cantora e compositora romana, nômade por instinto, passional e nostálgica por natureza. Chiara retornou a Itália após longa temporada no exterior (EUA e Brasil) e com a ajuda do notável jazzista Nicola Conte, queria prestigiar a grande canção italiana dos anos 60 com 17 canções covers, enriquecidas com notas contemporâneas.

É extraordinário, canções como Va bene cosi de Vasco Rossi ou Mentre tutto scorre de Negramaro, parecem ter sido escrita há pouco tempo com a mão de Chiara, capaz de dar um sentido diferente à canções que foram cristalizadas em uma só versão.

Canzoni estreiou com o primeiro lugar na classificação de álbum jazz do Itunes, e entre os dez melhores álbuns. Aplaudo Chiara por como ela conseguiu mexer em obras primas de Mina e Battisti (Grande grande grande e E penso a te) sem afetá-los: isso também um grande feito. No disco também artistas de excelência como Chico Buarque, Gilberto Gil, Ana Carolina e Esperanza Spalding: do Brasil à América do Norte, uma viagem.

Uma pessoa sempre em viagem: para descobrir coisas novas, ou como diz, sempre um reencontro consigo?
Chiara: Acredito que viajar é fundamental para compreender aquilo que está entorno à nós, sobretudo para conhecer melhor a nossa alma, os nossos sentimentos. Eu cresci musicalmente longe da Itália, com um pop sofisticado, os intérpretes americanos, e na minha música sempre há uma certa “sofisticação” do clássico pop. Agora estou satisfeita: com este disco trouxemos o mundo à Bari, exímios musicistas para o estúdio analógico de Nicola Conte, e ali começou uma nova aventura, uma longa viagem.

Neste momento te sente mais intérprete que compositora? E se sim, com quais autores contemporâneos você gostaria de colaborar?
Chiara: Canzoni provavelmente será o início de um caminho paralelo do meu trabalho. Não posso renunciar o meu “ser” compositora, está no meu DNA. Mas tenho tanta vontade, agora que estou novamente aqui na Itália, de me aproximar ao universo dos jovens autores. Mas não tenho nomes específicos, tempo ao tempo. O próximo projeto é fazer um disco de inéditas com um sound parecido com este trabalho.

Qual foi o critério na escolha das músicas em Canzoni?
Chiara: Bom, é um trabalho que nasceu há tempos, desde quando, no exterior, cantava e tocava algumas dessas músicas. Ali entendi que podia dar certo. Aos grandes clássicos adicionei um pouco de música contemporânea, e foi uma escolha feita pelo meu coração... deixei fora Dalla e Tenco, um pecado. È possível que mais adiante este trabalho tenha um segundo volume.

No disco há também Gilberto Gil e Chico Buarque: eles são apaixonados pela música italiana antiga...
Chiara: Naquele tempo a nossa música era muito apreciada porque tinham personagens, como Sergio Bardotti, que eram capazes de fazer essa ponte sensacional com o exterior: tinha mais reciprocidade e interesse. Sabe o que penso? Que hoje as produções pop italianas tem um som marcadamente “italiano”, e é aí que está a diferença: hoje se perdeu aquele olhar mais itinerante do italiano...

Vasco Rossi e Negramaro: como você teve essa idéia de fazer um cover jazz também desses autores?
Chiara: Procurei dar outro olhar à estas canções, não mais belo, mas diferente: as traduzi ao meu modo, também com liberdade de interpretação. Não queria ser invasiva e tão menos agressiva: Vasco é imediato nas letras, escreve coisas admiráveis, em algumas canções é quase iluminado. Va bene cosi possui um soulblack, eu quis refazer com esta nova veste.

Quando o álbum foi lançado, você falou que não era um disco nostálgico. Dito isso, não se pode negar que muitas das músicas possuem um mood mais melancólico, quase um recolhimento. E você, Chiara, como é?
Chiara: Eu sou terrivelmente melancólica, se entende isso pelas músicas que amo e que escuto desde sempre. Não tenho arrependimentos, mas vivo também em função do passado, porque o passado é a nossa história. Sobretudo vivo com amor: creio que o amor é, e deve ser, a base de tudo.

Uma vez, Renzo Arbore (arista italiano) me disse que hoje há muita qualidade no jazz, mas que talvez seja um pouco pretensioso. O que acha? 
Chiara: De um lado estão os Standard do jazz que são intocáveis, atemporais e irrepetíveis. Mas, andando pelo mundo, sempre pude apreciar o jazz que é capaz de “mudar as coisas”, de entusiasmar o público através da qualidade e inovações. Por exemplo, Esperanza Spalding. Na Itália adoro Cafiso, mas em especial Stefano Bollani e Joe Barbieri: alto nível.

Sanremo 2015, o que pensa?
Chiara: Com a música certa, por que não? Talvez escrita por um dos autores contemporâneos que falamos antes. Pode ser o início de uma nova aventura. Vamos ver.

Qual é a sua canção guardada, aquela ligada a uma lembrança do passado?
Chiara: Agora assim me vem na mente “Fiore di maggio”, de Fabio Concato: eu era criança, eu cantarolava com meu pai, no mar da Sicilia. Te digo outra: quanto era bonito o “Valzer di Lupin III”? (risos) (trilha sonora de um desenho animado muito famoso).


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Il Giorno fala do Canzoni como uma "pequena obra prima fluida e revolucionária".


Il Giorno
As canções de Chiara com Chico, Gil, Ana, Itália e Brasil de autores
Nicola Conte produz uma grande Civello

Chiara. Finalmente me agrada. É lançado Canzoni, o álbum nascido entre Brasil, NY, Roma e Bari, produzido pelo gênio internacional Nicola Conte. Cantora e compositora adorada na América, Chiara fez grande sucesso no Brasil com Maria Gadu e Ana Carolina, esta última a acompanha em E penso a te de Mogol Battisti. 

Eles são meus mitos – Gil e Chico – diz Chiara, feliz. – Não foi difícil: quando eles escutaram nossos trabalhos, na hora adoraram os arranjos de Eumir Deodato e a produção de Nicola. Chamei também Caetano Veloso, mas ele estava em turnê. O Brasil que amou os nossos anos 60, era um filtro cultural adequado para o produto global nada trivial. Aquele mundo Chico encontrou em Roma. Propus a ele Il mondo di Fontana e Io che amo solo te. Ele em cinco segundos: canto Sérgio.

Incantevole de Subsonica e Mentre tutto scorre di Sangiorgi e Negramaro: são razões para que tenham álbuns no mercado italiano, nos revoltamos da nossa maneira. Como Va bene cosi, de Vasco Rossi – me pediram para canta-la no especial da Rai. O tropicalista Gilberto Gil a acompanha em Io che amo solo te, de Pino Donaggio, Ana Carolina, nouvelle vague, canta E penso a te, Esperanza Spalding em Mulini dei ricordi. Fortissimo e Metti una sera a cena são tributos às músicas orquestrais jazz e bossa nova.

Grande, grande, grande – um outro desafio, mas em inglês. Una sigaretta um blues da torch song. Arrivederci , uma noite cool de Bussolotto. Nicola tem dentro dele esses sons, me encheu de musicistas que deram o seu melhor, ele trabalha em um estúdio analógico. As duas pré-estréias a Locorotondo e Bari com orquestra foram incríveis. 

Fluido e revolucionário, Conte assina uma pequena obra prima na qual a voz de Chiara mergulha feliz. Sem nenhum erro, não digo de técnica, mas de gosto. Gaetano Partipilo, sax alto e tenor, e Magnus Lindgren, sax tenor e flauta, com ritmos elegantes. Via con me, di Paolo Conte, é o ínicio da subida, Con una rosa , a primeira surpresa. Senza fine, de Paoli, o standard perfeito 3/4. 

Chiara nunca cantou assim tão profundamente entre letra e música. Muito bonito.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Entrevista ao Il Manifesto!

Prosseguindo nas traduções da onda de entrevistas para a divulgação do Canzoni: 





IL MANIFESTO, 07 maggio 2014

“Releio Ennio Morricone como se fosse bossa nova”
Chiara Civello – um CD de covers com Nicola Conte


Até então escondendo seu talento como intérprete, preferindo concentrar-se na face autoral – como demonstram os cinco álbuns gravados até aqui. Romana porém com estada em terras americanas, e repetidas passagens brasileiras, nutre uma paixão sem igual pelos clássicos e pela canção italiana, com preferência pelos anos 60 e afins – Sempre fui fã dos standard (clássicos) – explica – é como na literatura quando você quer escrever e escrever melhor, mais livros lê, e faz o melhor no texto. 

Canzoni é o titulo do seu sexto trabalho recém lançado, e desta vez se coloca como intérprete. Dezessete músicas do repertório de Endrigo, Battisti entre outros, produzido juntamente com Nicola Conte, gravado entre NY, Rio de Janeiro e Bari. A parte musical, a cereja do bolo, foi registrada com nada menos que com o gênio de Eumir Deodato.

Tinha vontade de reexplorar a minha parte intérprete. Logo depois que me formei em Berklee em NY, fiz substancialmente isso. Mas queria fazer isso com músicas italianas, porém tentando liberar as músicas dessa parte mais melodramática e jogar mais com sons, e arranjos mais arejados. 

A musas inspiradoras são as vozes de Dusty Springfield, a rainha da white soul americana e Julie London, dona de uma maravilhosa voz que soa a jazz e cigarros.

Nicola Conte foi fundamental neste precioso trabalho de pesquisa e busca. Encontramos o equilíbrio entre o soul, o Brasil e a melodia italiana. Parti de quarenta músicas e após cheguei a quinze, e nos esforçamos para imaginar aquelas músicas refeitas em outro estilo.

Foi um trabalho que funcionou perfeitamente, como por exemplo em Metti una sera a cena di Ennio Morricone, o arranjo ao estilo bossa nova, a junção dos vocais e as cordas de Deodato deram a uma das obras primas do maestro uma outra e interessante perspectiva. 

A voz da cantora, a primeira italiana contratada pela Verve (em seu primeiro disco) encontra novas nuances e tons inesperados, como em Que me importa el mundo di Bruno Canfora escrito por Rita Pavone ou em Il Mondo di Bindi, onde evita cair em armadilhas e prefere calibrar a voz quente e intimista.

No disco quatro parcerias escolhidas a dedo: Porque todas as músicas precisavam deste intérprete. Gilberto Gil em Io che non vivo senza te, Chico Buarque quis recordar o amigo Endrigo em Io che amo solo te. Esperanza Spalding na única cover não italiana, The Windmills of Your Mind. “Descobri a música em uma versão de Jannacci que seu filho traduziu brilhantemente e resolvi homenageá-lo”. A amiga, cantora e compositora brasileira Ana Carolina quis, ser parceira em E penso a te de Battisti: uma vez eu toquei a musica no violão e ela se apaixonou loucamente. Quando ela entendeu o toque que eu queria dar me ameaçou: ou me chama para cantar com você ou esta música gravo eu!”

Entrevista ao Ansa.it!

Também na ocasião do lançamento do Canzoni, que está em primeiro lugar dentre os discos de Jazz no Itunes! <3 

"Meu tributo ao repertório italiano. Esta vez sou somente intérprete."
Vídeo da entrevista neste link.





Uma homenagem ao repertório italiano, de respiro internacional, mas que ao mesmo tempo mantém sua experiência e seu percurso artístico. A cantora e compositora romana Chiara Civello, em quinto trabalho em estúdio, lançado hoje pela Sony Music, com uma diferença em relação aos outros: “É o meu primeiro disco como intérprete. Decidi reunir tudo o que amava e mostrar." 

Chiara diz: “Ao meu modo, apresentando as canções com menos dramaticidade e com ar mais cool, seguindo a tradição dos intérpretes americanos. Sobretudo em um momento de promessas e mudanças para Itália, como este em que estamos vivendo”. O resultado é um disco com 17 músicas de artistas símbolos da cena musical das últimas décadas – mas mostrando uma visão da Itália um pouco mais atual ao exterior. “Escolhi fazer um disco de canções italianas – destaca a artista que já pensa no próximo álbum de inéditas – agora que encontrei a sonoridade ideal – que vai dos anos 60 até hoje: de Bindi a Vasco Rossi, de Subsonica a Pino Donaggio a Jimmy Fontana. Também há uma homenagem a Enzo Jannacci.”

“É um disco que não podia sonhar mais, porque tive a participação de pessoas incríveis, na produção e execução das músicas. Juntamente com Chiara o disco conta com participação de artistas de calibre como Gilberto Gil, Chico Buarque, Ana Carolina e Esperanza Spalding, que deram voz e talento a este tributo. Os três primeiros são brasileiros, Chico e Gil não necessitam descrição, Ana Carolina é a estrela do pop no Brasil, enquanto Esperanza é estrela do jazz na América do Norte. Não poderia querer mais, o conceito Itália a nível pessoal. Foi um presente muito bonito. O fio condutor das músicas do disco é o amor – mas não somente o amor feliz, o amor em todas as suas faces. O amor que nos faz viver, é a medida que faz nos relacionar com a vida. Sem amor, o que somos?”

É o que diz Chiara, que entre as 17 canções, não quer e não pode escolher uma em particular: “Todas são profundamente ligadas ao meu coração e à minha existência.” A produção artística é de Nicola Conte (o produtor mais apropriado a deixar este repertório com um sound mais internacional), os arranjos feitos por Eumir Deodato, e o álbum foi gravado com a orquestra sinfônica de Praga. 

Chiara participou também do festival de Sanremo (“o verdadeiro desafio foi descer aquelas escadinhas”) e está feliz de estar em casa, mas também admite: “no nosso país a música não tem a mesma importância no cotidiano como é nos outros lugares, com uma participação maior na vida criativa de um musicista. Falta espaço, não tem vitalidade. A única febre é a TV, que oferece somente imediatismo. Os talentos? A verdadeira voz artística se desenvolve com experiência. E no talento os jovens não tem nem tempo de se dar conta.“

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Matéria sobre o lançamento do Canzoni no jornal La Sicilia, traduzida!

Hoje foi lançado mundialmente o novo álbum da Chiara, "Canzoni", que já pode ser ouvido em todas a plataformas streaming e de download digital. Soubemos em primeira mão que um lançamento oficial no Brasil está sendo agendado, além de realces na divulgação em âmbito internacional como um todo, então vamos aguardar, claro, sempre ouvido esse CD que já está bombando na mídia italiana! 

Tanto que a edição de hoje do jornal La Sicília dedicou meia página somente para contar detalhes sobre a produção e lançamento do álbum, como vocês podem ler em português abaixo: 



La Sicilia – 06 maggio 2014

"Uma alma nova para clássicos italianos"

Sonoridade internacional para imortais de ontem e de hoje

Giuseppe Attardi


A cantora de origem modicana transporta melodias clássicas da nossa história musical entre as praias do Brasil e as estradas de Harlem. Soul, jazz, bossa nova e duetos vip emocionantes.

Chiara Civello é uma nômade da música. Estudou na mítica Berklee College, que continua produzindo talentos do jazz internacional. Lá em Boston se apresentou em toda parte, restaurantes, casamentos. Depois NY, o primeiro contato com a prestigiosa Verve, um álbum que entre outras há Trouble, música escrita juntamente com Burt Bacharach. Após o Brasil, para onde se transferiu para entender os segredos de uma outra extraordinária escola de vida e de música, por onde se apaixonou pela bossa nova.

Porém há algum tempo começou a sentir o chamado das raízes. O pai siciliano de Modica – “vivi na Sicilia quando criança, relembra” - , a mãe da Puglia, ela nascida em Roma em 1975, Chiara sente saudades da sua terra.



Em 2012 lança o álbum “Al Posto Del Mondo”, um disco com músicas em italiano. “É um pouco o álbum do meu retorno à casa”, conta – “ Em algum momento senti dentro de mim que crescia o interesse, o amor por aquilo que é muito italiano que é a melodia. Sempre mais escrevo em italiano. E também era o que o público desejava ouvir de mim, porque sou italiana. Devagar eu observava o quanto era complicado viajar o mundo todo sem ter uma uma relação mais próxima com o grande público do meu país.” Para isso, decide se mostrar para o público sanremense, - “ experiência que repetirei” – mesmo sabendo que este passo foi carregado de tensão e desapontamento.

Dois anos depois, a cantora apaixonada por bossa nova retorna com outra declaração de amor ao encontro da melodia italiana. E hoje lança o disco Canzoni, no qual se apresenta como intérprete na intenção de dar um toque internacional aos clássicos da música nacional de ontem e de hoje. Com voz quente e envolvente, Chiara se apropria da contiana Vieni via con me à Arrivederci di Umberto Bindi. Do ritmo contagioso da sedução de Con una rosa, de Vinicio Capossela, à melancolia com Io che amo solo te, di Endrigo, em um dueto emocionante com Chico Buarque, do beat soulful de Io che non vivo senza te, com Gilberto Gil, à passional E penso a te, de Battisti e Mogol, cantada juntamente com Ana Carolina e o desencanto um tanto ingênuo de Metti una sera a cena, di Enrico Morricone.

Ainda a sedução conduzida quase na auto-ironia de Una sigaretta de Fred Buscaglione, a sensibilidade pungente de Il Mondo, de Jimmy Fontana, a sensualidade de Fortissimo, de Lina Wertmuller, a leveza sentimental de Che m`importa del mondo, que Chiara escolhe cantar em espanhol. A estas se juntam algumas canções italianas mais recentes, de Vasco Rossi, Negramaro e Subsonica, talvez os momentos menos convincentes do álbum.

Um disco onde prevalece o vintage, a canção clássica dos anos 60. Talvez porque foi o período de ouro da nossa música?
Chiara – O disco nasceu como uma antologia moderna da canção italiana, mas uma abertura internacional. No mundo são as músicas mais conhecidas. Das mais recentes, escolhemos apenas cinco músicas.

Entre as 17 faixas, a exceção é I mulini dei ricordi em dueto com Esperanza Spalding, tradução em italiano para uma canção estrangeira: The windmills of yormind, di Michel Legrand.
Chiara – Já foi interpretada por grandes nomes como Dusty Springfield, Sting e tantos outros. É uma das minhas músicas favoritas, tanto pela letra quanto pela música sublime de Legrand. Com esta idéia de fazer uma versão italinam um dia, pesquisando no Google, descobri que já foi cantada por Enzo Jannacci uma versão de seu filho Paolo, muito bonita e fiel à original. Jannacci faleceu a pouco e sem pensar duas vezes decidi homenagear tanto ele quanto Dusty e Legrand.




Chico Buarque: Com ele Chiara canta Io che amo solo te. Era amigo de Sergio Endrigo. É um dos momentos mais emocionantes de todo o disco
Esperanza Spalding: Em "I mulini dei ricordi", única canção não italiana do disco: "The Windmills of Your Mind", uma música de Michel Legrand. 
Gilberto Gil: Em Io che non vivo senza te. No refrão Gil se comoveu e também. Naquele momento entendemos que conseguimos entrar de verdade no coração desta canção.

Como surgiram as colaborações com Chico Buarque, Gil e os outros convidados?
Chiara – Para mim era um sonho envolvê-los e representa a confirmação o valor deste projeto. Primeiramente com Nicola Conte (produtor artístico), escolhemos as músicas, e depois de dar uma versão inovadora, internacional, soul jazz com ecos brasileiros, saindo um pouco do melodrama. Quando Eumir Deodato deu o ok, mostrei a Chico e Gil. Eles adoraram e foi muito gratificante que tenham aceitado com entusiamo cantar as canções comigo.

sábado, 3 de maio de 2014

Tradução da entrevista da Chiara ao il Giornale!

Edição do dia 3 de maio, faltando somente mais três dias até o lançamento do Canzoni!


Canto Mina e Vasco temperados com Jazz e Soul

No novo CD a artista faz uma releitura de canções como "Io che non vivo" e "E va bene cosi". Do seu lado artistas como Gilberto Gil e Chico Buarque. E também Deodato.

Precisou de um produtor da categoria de Russ Titelman para descobrir Chiara Civello e lançá-la na América, quando nós não a conheciamos, fazendo-a lançar um disco - primeira artista italiana a fazer isso - pela prestigiada etiqueta Verve. Depois fez de tudo para se fazer conhecida pela mundo, tocando em Nova York e no Brasil (onde se tornou amiga de artistas como Jobim e Ana Carolina) ou escrevendo canções a quatro mãos com Burt Bacharach. Agora, com Canzoni, seu quinto álbum, se encontra no papel de reinterpretar e reler alguns clássicos do repertório italiano com versões jazz, northern soul, bossa nova - que variam de Io che non vivo de Pino Donaggio a E va bene cosi de Basco, até Io che amo solo te de Endrigo a Incantevole de Subsonica - com a ajuda de artistas como Gilberto Gil, Chico Buarque, Esperanza Spalding, com a produção artística de Nicola Conte e arranjos do experiente Eumir Deodato. 

Como nasce um disco do gênero? 
É o álbum mais importante da minha carreira, nascido da necessidade, depois de quatro discos autorais, de vestir o papel de intérprete. Russ Titelman me ensinou a escrever e até agora não parei mais. Agora eu quero reviver ao meu modo o nosso repertório histórico.

Unindo jazz, as várias nuances do soul, ao ritmo brasileiro.
Não quero fazer um trabalho nostálgico mas dar um ar fresco e internacional a algumas das canções italianas mais famosas. Quero manter a minha autenticidade mas aproximar meu estilo àquele sofisticado de Julie London, Dusty Springfield (que não por acaso traduziu para o inglês Io che non vivo), Shirley Horn...

Um trabalho complicado então...
Eu tive a ajuda de Nicola Conte, guitarrista e produtor que tem no DNA a vontade de criar novos sons, e Eumir Deodato, que trabalhou seus arranjos suaves como aqueles que criava para Roberta Flack. 

Como conheceu tantos famosos? 
No Brasil a comunidade artística é muito acolhedora. Eu encontrei Ana Carolina numa noite onde fazia-se um círculo e passava-se o violão uns para os outros, uma espécie de improvisação extemporânea. Até agora fizemos tanta coisa juntas (escrevemos e interpretamos a trilha sonora de uma celebradíssima novela brasileira) e ela gostou de repente de uma canção como E penso a te. Gilberto Gil e Chico Buarque têm ligação forte com a Itália: Gil se lembra de quando escutava o original de Io che non vivo nos anos '60 na Bahia, Buarque era muito amigo de Sergio Endrigo por meio de Sergio Bardotti, e assim foi criada uma energia excepcional. 

I mulini dei ricordi é a única música não italiana.
É a versão italiana de The Windmills On Your Mind de Michel Legrand, uma canção interpretada por artistas como Dusty Springfield e Cher mas também por Enzo Jannacci, e ao fim é uma homenagem a ele. Canto de modo muito livre junto a Esperanza Spalding. 

Por outro lado, há Grande Grande em inglês.
Ah, em Mina não se toca mas queria revivê-la no ritmo do new eyed soul. 

Como se faz para juntar Bindi e Mina com Vasco e Subsonica? 
Eu coloquei sob tudo o guarda-chuva estilístico da coerência. Nicola Conte criou ao meu redor um som que é como um vestido feito sob medida e, não obstante a diversidade de época entre as músicas, é meu álbum estilisticamente mais uniforme. 

Parece entusiasmada com o disco...
Eu estou, de fato prepararei um disco de inéditas com esse som refinado, jazzy, muito soul.

O que pensa da música italiana? 
Que deve sair da televisão e entrar no coração das pessoas. No Brasil e em Nova York a música faz parte da vida, para nós é algo distante.