sábado, 3 de maio de 2014

Tradução da entrevista da Chiara ao il Giornale!

Edição do dia 3 de maio, faltando somente mais três dias até o lançamento do Canzoni!


Canto Mina e Vasco temperados com Jazz e Soul

No novo CD a artista faz uma releitura de canções como "Io che non vivo" e "E va bene cosi". Do seu lado artistas como Gilberto Gil e Chico Buarque. E também Deodato.

Precisou de um produtor da categoria de Russ Titelman para descobrir Chiara Civello e lançá-la na América, quando nós não a conheciamos, fazendo-a lançar um disco - primeira artista italiana a fazer isso - pela prestigiada etiqueta Verve. Depois fez de tudo para se fazer conhecida pela mundo, tocando em Nova York e no Brasil (onde se tornou amiga de artistas como Jobim e Ana Carolina) ou escrevendo canções a quatro mãos com Burt Bacharach. Agora, com Canzoni, seu quinto álbum, se encontra no papel de reinterpretar e reler alguns clássicos do repertório italiano com versões jazz, northern soul, bossa nova - que variam de Io che non vivo de Pino Donaggio a E va bene cosi de Basco, até Io che amo solo te de Endrigo a Incantevole de Subsonica - com a ajuda de artistas como Gilberto Gil, Chico Buarque, Esperanza Spalding, com a produção artística de Nicola Conte e arranjos do experiente Eumir Deodato. 

Como nasce um disco do gênero? 
É o álbum mais importante da minha carreira, nascido da necessidade, depois de quatro discos autorais, de vestir o papel de intérprete. Russ Titelman me ensinou a escrever e até agora não parei mais. Agora eu quero reviver ao meu modo o nosso repertório histórico.

Unindo jazz, as várias nuances do soul, ao ritmo brasileiro.
Não quero fazer um trabalho nostálgico mas dar um ar fresco e internacional a algumas das canções italianas mais famosas. Quero manter a minha autenticidade mas aproximar meu estilo àquele sofisticado de Julie London, Dusty Springfield (que não por acaso traduziu para o inglês Io che non vivo), Shirley Horn...

Um trabalho complicado então...
Eu tive a ajuda de Nicola Conte, guitarrista e produtor que tem no DNA a vontade de criar novos sons, e Eumir Deodato, que trabalhou seus arranjos suaves como aqueles que criava para Roberta Flack. 

Como conheceu tantos famosos? 
No Brasil a comunidade artística é muito acolhedora. Eu encontrei Ana Carolina numa noite onde fazia-se um círculo e passava-se o violão uns para os outros, uma espécie de improvisação extemporânea. Até agora fizemos tanta coisa juntas (escrevemos e interpretamos a trilha sonora de uma celebradíssima novela brasileira) e ela gostou de repente de uma canção como E penso a te. Gilberto Gil e Chico Buarque têm ligação forte com a Itália: Gil se lembra de quando escutava o original de Io che non vivo nos anos '60 na Bahia, Buarque era muito amigo de Sergio Endrigo por meio de Sergio Bardotti, e assim foi criada uma energia excepcional. 

I mulini dei ricordi é a única música não italiana.
É a versão italiana de The Windmills On Your Mind de Michel Legrand, uma canção interpretada por artistas como Dusty Springfield e Cher mas também por Enzo Jannacci, e ao fim é uma homenagem a ele. Canto de modo muito livre junto a Esperanza Spalding. 

Por outro lado, há Grande Grande em inglês.
Ah, em Mina não se toca mas queria revivê-la no ritmo do new eyed soul. 

Como se faz para juntar Bindi e Mina com Vasco e Subsonica? 
Eu coloquei sob tudo o guarda-chuva estilístico da coerência. Nicola Conte criou ao meu redor um som que é como um vestido feito sob medida e, não obstante a diversidade de época entre as músicas, é meu álbum estilisticamente mais uniforme. 

Parece entusiasmada com o disco...
Eu estou, de fato prepararei um disco de inéditas com esse som refinado, jazzy, muito soul.

O que pensa da música italiana? 
Que deve sair da televisão e entrar no coração das pessoas. No Brasil e em Nova York a música faz parte da vida, para nós é algo distante.