quinta-feira, 8 de maio de 2014

Entrevista ao Il Manifesto!

Prosseguindo nas traduções da onda de entrevistas para a divulgação do Canzoni: 





IL MANIFESTO, 07 maggio 2014

“Releio Ennio Morricone como se fosse bossa nova”
Chiara Civello – um CD de covers com Nicola Conte


Até então escondendo seu talento como intérprete, preferindo concentrar-se na face autoral – como demonstram os cinco álbuns gravados até aqui. Romana porém com estada em terras americanas, e repetidas passagens brasileiras, nutre uma paixão sem igual pelos clássicos e pela canção italiana, com preferência pelos anos 60 e afins – Sempre fui fã dos standard (clássicos) – explica – é como na literatura quando você quer escrever e escrever melhor, mais livros lê, e faz o melhor no texto. 

Canzoni é o titulo do seu sexto trabalho recém lançado, e desta vez se coloca como intérprete. Dezessete músicas do repertório de Endrigo, Battisti entre outros, produzido juntamente com Nicola Conte, gravado entre NY, Rio de Janeiro e Bari. A parte musical, a cereja do bolo, foi registrada com nada menos que com o gênio de Eumir Deodato.

Tinha vontade de reexplorar a minha parte intérprete. Logo depois que me formei em Berklee em NY, fiz substancialmente isso. Mas queria fazer isso com músicas italianas, porém tentando liberar as músicas dessa parte mais melodramática e jogar mais com sons, e arranjos mais arejados. 

A musas inspiradoras são as vozes de Dusty Springfield, a rainha da white soul americana e Julie London, dona de uma maravilhosa voz que soa a jazz e cigarros.

Nicola Conte foi fundamental neste precioso trabalho de pesquisa e busca. Encontramos o equilíbrio entre o soul, o Brasil e a melodia italiana. Parti de quarenta músicas e após cheguei a quinze, e nos esforçamos para imaginar aquelas músicas refeitas em outro estilo.

Foi um trabalho que funcionou perfeitamente, como por exemplo em Metti una sera a cena di Ennio Morricone, o arranjo ao estilo bossa nova, a junção dos vocais e as cordas de Deodato deram a uma das obras primas do maestro uma outra e interessante perspectiva. 

A voz da cantora, a primeira italiana contratada pela Verve (em seu primeiro disco) encontra novas nuances e tons inesperados, como em Que me importa el mundo di Bruno Canfora escrito por Rita Pavone ou em Il Mondo di Bindi, onde evita cair em armadilhas e prefere calibrar a voz quente e intimista.

No disco quatro parcerias escolhidas a dedo: Porque todas as músicas precisavam deste intérprete. Gilberto Gil em Io che non vivo senza te, Chico Buarque quis recordar o amigo Endrigo em Io che amo solo te. Esperanza Spalding na única cover não italiana, The Windmills of Your Mind. “Descobri a música em uma versão de Jannacci que seu filho traduziu brilhantemente e resolvi homenageá-lo”. A amiga, cantora e compositora brasileira Ana Carolina quis, ser parceira em E penso a te de Battisti: uma vez eu toquei a musica no violão e ela se apaixonou loucamente. Quando ela entendeu o toque que eu queria dar me ameaçou: ou me chama para cantar com você ou esta música gravo eu!”