segunda-feira, 24 de junho de 2013

Entrevista da Chiara para o Milano Post!

De Sanremo a Milano Post, sempre mais famosa: a entrevista exclusiva com Chiara Civello
Marco Fioravanti



Encontramos hoje uma cantora italiana que teve a chance de andar e viver o mundo, seja durante o seu crescimento profissional  ou pelo seu atual e extraordinário trabalho. Hoje falamos com Chiara Civello.

Você é um pouco cidadã do mundo, mas onde se sente realmente em casa?

Estou dividida entre três cidades: New York, Roma e Rio. Todas sublimam um aspecto da minha natureza. NY é a cidade onde tudo pra mim começou, uma cidade livre, para perder-se, encontrar-se, descobrir, escolher, experimentar e inspirar. Roma é onde nasceram minhas raízes, meu fundamento e o Rio é a troca, a exuberância e a vitalidade. Um triângulo perfeito e que não tem problemas de jet lag! 

Falemos de uma outra cidade, Sanremo...estamos no festival de 2012. AS lembranças, a expectativas e o resultado final. 

A primeira lembrança é da descida da escada! As expectativas eram de me fazer conhecia ao grande público, o resultado final não era tão importante para mim. Queria ter ficado menos chateada com as controvérsias relacionadas às questões de ser minha música inédita ou não, polêmicas que depois se derreteram como neve ao sol. 

Conte-nos sobre seu começo. Desde pequena queria fazer música?

Não pensei sobre o que queria fazer, desde pequena era muito entonada e musical, mas nunca imaginei que a música me escolheria! 

Seu talento excepcional te levou nesse último período ao Brasil, tem algo a dizer sobre ele?

Primeiro de tudo devo dizer que sempre fui apaixonada pela música brasileira desde que vivia em Boston. No meu primeiro disco, produzido por Russ Titelman, há influências claríssimas de Jobim, Milton Nascimento e até gravei um par de canções em português. De uma viagem ao Rio em 2008, convidada por Daniel Jobim (neto de Tom), iniciei uma série de colaborações das quais saíram algumas canções de grande sucesso, entre aquelas com Ana Carolina, Maria Gadú, Preta Gil, Dudu Falcão, que me levaram a vencer o prêmio Multishow em 2012 pela melhor canção do ano com "Problemas", cantada por Ana Carolina e tema de uma novela de TV (para a versão italiana, Problemi: http://www.youtube.com/watch?v=DWPsvsRPltk)

A especificidade de cada público é certamente diferente, o que você acha?

Absolutamente sim! O público é um termômetro do país. Mas a coisa mais interessente para mim é ouvir, do palco, como cada público tem uma temperatura de ebulição diferente! Os japoneses são sentimentais e introvertidos, iniciam e terminam os aplausos todos juntos e se comovem com o silêncio. Os americanos tem um grande senso de humor e são habituados ao vivo, são cúmplices de seu show, sempre. Os turcos...fumando sempre...hahaha! Os polacos não te entendem de pronto...durante o show você se sente que é um fiasco e depois, de repente, antes do fim, uma ovação de pé e um calor repentino e louco. Os espanhóis são quentes, os brasileiros são apaixonados e um pouco maliciosos, os italianos um pouco mais formais... quem sabe!

Tuas canções nascem em que língua? E a música chega primeiro do que as palavras?

As minhas músicas geralmente nascem de uma ideia musical, as palavras vem depois...a língua geralmente vem sugerida do tipo da melodia, mas ultimamente o italiano me chama!

Está trabalhando em algum novo projeto?

Sim, estou trabalhando num disco novo e acabei de batizar um novo projeto ao vivo que estou trazendo para a Itália e que se chama "SOLO+". Sozinha mas não muito, eu e um músico canto minhas canções em versão acústica, me dividindo entre piano e violão. 

Onde podemos te ver?

Estarei em “Fabriano Poetico” em Fabriano, em 29 de junho, em Giardini del Polo e depois em  1º julho no Palamostre de Udine para o Udine Jazz 2013.


Se falamos de futuro, no que você pensa?

Penso..."mundo"!

Para uma mulher é mais difícil ser levada a sério no mundo da música? E mais ainda para uma italiana?

Nunca experimentei esse preconceito. Nunca me senti em dificuldades por ser uma mulher, muito menos por ser italiana. Somos muito "romantizados" no mundo!

Frequentas diversos mundos, jazz, pop, onde você se sente mais confortável?

Me sinto mais confortável onde os rótulos se perdem. Onde se analisa uma canção não pela sua classificação mas pelo que diz e pela melodia que a sustenta. Sempre me senti um pouco fora das classificações estilísticas. Estou confortável e me interessa tudo aquilo que me vem. 

E seu comportamento nos momentos mais difíceis? Você é uma lutadora?

Sou super lutadora! Talvez o fato de ter saído de casa com 18 anos, para um outro continente, tenha me feito muito "sobrevivente". Os momentos difíceis me fortalecem. Ao seguir uma estrada somente de rosas e flores, para mim, em certo momento não se vê mais nem rosas nem flores. Não acha?

Certamente, Chiara, concordo. E seus pontos de referências, na voz e na música, quais são?

Pergunta grande...lá vai: adoro Peggy Lee, Julie London, Dusty Springfield, Caetano Veloso, Tropicalia, a Jovem Guarda, Roberto Carlos, Sergio Endrigo, Luigi Tenco, Nina Simone, Ella Fitzgerald, Miles Davis, Dexter Gordon...uma sopa que não acaba aqui! Depois há Jimi Hendrix, Keith Jarrett, John Mayer, Ryuichi Sakamoto, Laura Mvula, Amy Winehouse, Paco de Lucia… Viu que confusão? Ahahahaha!

Um bom grupo de pessoas...! Muito simpática e cheia de energia a nossa Chiara Civello! Dois eventos a não perder nos próximos dias, e esperamos em breve ouvir seu novo disco! Vamos ficar de olho!

Fonte: Milano Post