segunda-feira, 28 de maio de 2012

"Chiara Civello, uma voz nômade"

Entrevista muito legal feita pelo site Stile Femminile à época da divulgação do álbum 7752 na Itália (após alguns shows no Brasil):



Voz que conquista a partir da primeira ouvida. Há pouco a dizer diante do currículo e da qualidade da música de Chiara Civello, revelação italiana da música internacional. Um produto muito distante do mundo dos 'reality shows', nascida e criada com a música ao vivo e os estúdios dos grandes do jazz. Primeiro em Roma, depois nos Estados Unidos para uma bolsa de estudos e, rapidamente depois da noite, o primeiro contrato.

Uma carreira em contínua ascensão, desde o primeiro disco "Last Quarter Moon", lançado com a Verve, primeira artista italiana a conquistar esse objetivo. O segundo álbum, "The Space Between", é de 2007 um álbum muito íntimo, reflexivo, que levou até "7752", o disco mais recente. Em meio a estes três discos, muitíssima experiência, uma colaboração com Burt Bacharach e tantôs kilômetros, como a distância que liga Rio de Janeiro a Nova Iorque, as duas cidades que a artista escolheu, que dá título ao novo disco.

Chiara Civello é um talento feito na Itália e ainda a ser descoberto, enquanto a Billboard e o Herald Tribune já enalteceram seus louvores. Stilefemmunile te convita a escutar seu último disco e, na estréia de seu site oficial, a ser conquistado pela sonoridade envolvente da sua música. Não perca a oportunidade de escutá-la em 13 de novembro em Roma, e 26-27 em Milão e nas outras etapas da turnê italiana.


SF: Seu percurso se inicia em Roma, estudando numa Escola de Jazz. Ganhou então uma bolsa de estudos para a Berklee School de Boston, aonde aperfeiçoou sua música em clubes muito importantes. O próximo passo foi NY, depois Rio e uma volta pelo mundo. Como mulher e artista, quais são, para você, as vantagens de um estilo de vida "nômade"?

CC: A vantagem de um estilo nômade seja como artista ou como mulher é que mudando de cidade e de um país muda-se de ares e ideias e sobretudo se fabrica nostalgia (saudade) que pode te tornar forte e sincero.

SF: Seu mundo musical é fluido, se compõe de jazz, composições, sonoridades brasileiras, melodias mediterrâneas. Quais foram os seus mestres?

CC: Meus mestres foram e são ainda hoje os encontros, o amor, as despedidas, a distância, as paixões e o tempo.

SF: Analisando seu currículo, você surpreende pela riqueza da sua experiência. Que conselho você daria a um jovem que quer começar uma carreira artística em um país desatento como a Itália onde shows de talentos emergem até a exaustão?
CC: Eu aconselharia todos a fazerem uma viagem somente com seu próprio instrumento ou meio de expressão, pincél, lápis, caderno (se for um piano, melhor deixá-lo ali!). Porque creio que a disciplina, especialmente no começo, é importante para fortificar o canal expressivo o máximo possível. Na arte, para achar uma própria voz, antes de tudo deve-se sentir um desejo premente de expressar-se e se deve estar preparado para tudo, independente dos fatores externos como a preguiça e a distração de um país. Como diz Elvis, "Home is where the heart is", casa é onde o coração está. Portanto não depende do país e dos limites...

SF: Na cena contemporânea - falo de música mas também de cinema, moda e qualquer outro âmbito criativo - na sua visão, quais os artistas mais interessantes?

CC: Mmmh, deixe-me pensar...só mulheres, né? No cinema gosto como Sofia Coppola retrata as diferenças; na moda como um jogo entre o sensual e o casual Stella McCartney e, no que diz respeito à música, gosto de Joan As Police Woman, voz maravilhosa; na Itália acho que Carmen Consoli achou o equilíbrio adequado entre reinvenção e fidelidade ao que se sente.

SF: No seu último disco, "7752", você colaborou com músicos excepcionais, entre eles Ana Carolina, Jaques Morelenbaum, Mark Ribot. Que efeito tem poder trabalhar com alguns dos artistas mais talentosos da cena mundial?

CC: Lindo lindo lindo lindo lindo lindo lindo lindo lindoooooo!!!

Fonte (em italiano): Stillefemminile