segunda-feira, 12 de março de 2012

Artigo do Italia Magazine sobre o Al posto del mondo

Apresentação em 08 de maio na Sistina, em Roma.



Se - como sustenta Chiara Civello – o primeiro disco é buscar-se, o segundo de recolher-se, o terceiro de encontrar-se, o quarto (ou quinto, se contar a Edição DeLuxe de 7752), o que poderia ser? Ela não disse, mas ao ouvir o trabalho adulto e maduro como este, pode-se defini-lo como deixar-se ir. Esse mergulho neste rio de notas, que escorrem sem esforço e deixam-se levar onde as mil almas de Chiara convergem. Al posto del mondo, a canção escrita com Diana Tejera, compositora que não esconde sua requintada paixão filha de sangue hispânico, que já pertence a todos e a nenhum universo musical em particular. Há toques de tango e ritmo latino, mas há também a respiração de uma grande canção da idade de ouro dos “radio days”, a idéia de clássico sem tempo definido que somente a naturalidade de uma melodia direta, inspirada e uma bela interpretação pode transmitir.


Chiara Civello deu seus primeiros passos no jazz após tornar-se apaixonada pela música brasileira e por alguns prestigiosos autores, hoje seus amigos; olha para o pop como um espaço de liberdade onde o rigor dá lugar à diversão. Bem, hoje nenhum desses elementos (e também outros) se pode dizer que é dominante, se trata de uma sucessão em perfeito equilíbrio, tantos movimentos de talento e de coração que vão na direção para definir simplesmente os contornos de uma grande artista. E tanto é segura da própria identidade, tanto é pronta para compartilhar e se envolver. Exatamente como Chiara fez no 62º Festival de Sanremo, apresentado, na homenagem à grande canção italiana, a música “You Don’t Have to Say You Love Me” – “Io che non vivo (senza te)” – di Pino Donaggio, con Orville Richard Burrel da Kingston, mais conhecido como Shaggy. Ou, como sempre em Sanremo, o dueto da sua canção Al posto del mondo com Francesca, adolescente de Bassano del Grappa, vencedora do X-Factor.


Al posto del mondo, o primeiro álbum de Chiara inteiramente produzido e registrado na Itália, é composto por 10 inéditas (na versão digital é possível comprar um bônus track da música Lo Vedi). Este trabalho é a fotografia mais fiel de Chiara Civello de hoje, muito mais livre para voar em E Se, sobre os trapézios de uma orquestra circense, a Bacharach (com o qual assina a intensa Trouble), recolher-se na bluesy de Hey caro ragazzo, enfeitar com a autêntica pérola da cultura musical popular que é Il cuore è uno zíngaro. Mas é também a Chiara Civello de A me non devi dire mai, escrita com Bungaro, exemplo do gosto acústico dos arranjos que finalmente imprimem o seu estilo envolvente. Como em Ma uma vita no, para escutar à meia-luz, com a alma na defesa para não deixar-se envolver tanto. Para mudar a atmosfera e todo o resto com Go to Go, um tórrido rock escrito com Jesse Harris, autor de Norah Jones. Decididamente, mais livre que nunca.