segunda-feira, 5 de março de 2012

Especial The Space Between, segunda parte!

Continuando a comemoração de um mês do SOFA'...


Na noite de NY, a Chiara costumava frequentar bastante um pub especializado em shows de jazz chamado "The Living Room", aonde se apresentou mais de uma vez. Como fazia muito sucesso por lá, o site do local acabou escrevendo um artigo super bem escrito e detalhado, contando com uma série de informações e curiosidades sobre o álbum que ainda seria lançado, como e onde as canções foram escritas e o funcionamento do processo de composição. Ao fim do artigo, o áudio para ouvir a apresentação da Chiara no Living Room em 2007!

Chiara Civello
Living Room - NY


"Canções são como trens, eles te levam de um lugar para o outro. Esse conjunto de músicas, eu acho, é meu trem para casa", diz Chiara Civello, descrevendo seu segundo álbum, The Space Between, previsto para esse outono pela Universal Music.

Voz sensual, letras poéticas e harmonias surpreendentes são apenas parte da receita que faz de Chiara tão irresistível. Seu segundo álbum nos mostra um lado muito mais intimista e imediato da cantora e compositora, e nos leva através de uma jornada de 13 momentos lindos onde podemos nos sentir realmente perto dela.

"Esse é um álbum sobre 'o espaço entre'. O espaço entre as notas, o silêncio entre as palavras, o espaço entre eu e você, eu e meu passado, eu e meu futuro, e todos os espaços entre que hoje em dia são tão difíceis de parar e pensar neles...o espaço entre que te faz sentir melhor a realidade, o espaço que te faz sentir falta de alguém, o espaço entre que te faz não dizer tudo de uma vez, mas pouco a pouco, enquanto a necessidade de falar fica mais forte em você. O espaço entre o que eu penso e o que falo...na Itália temos um ditado: entre dizer e fazer há um oceano.

No começo do processo criativo, Chiara chamou um velho amigo, Pete Rende. "Pete sempre me emociona...quando suas mãos tocam o teclado você sente o significado de tudo o que ele quer dizer, nota por nota, pausa por pausa..." A dupla passou muito tempo junta, conversando sobre música, bebendo margaritas e comendo Tex Mex no Park Slope, no Brooklyn. "Focamos em todas as coisas que eu amo: os anos 60s, bossa nova, ilhas desertas, correr (ou fugir?), e boa comida. Pete realmente me ajudou a permanecer verdadeira. Ele me encorajou a continuar tocando violão, de onde as músicas continuavam saindo como chuva..."

Além de Pete, Chiara escolheu outros amigos para tocar no álbum, incluindo Ben Street (Danilo Perez, Kurt Rosenwinkel, David Sanchez, Paul Motian) no baixo, Tony Mason (Norah Jones, Joan Osborne, Bo Diddley) na bateria, Guilherme Monteiro (Elian Elias, Lila Downs, Joao Bosco, Slide Hampton) na guitarra, e Mauro Refosco (Lounge Lizards, David Byrne, Bebel Gilberto) na percussão, e Tony Sherr (Bill Frisell, Willie Nelson, Lounge Lizards, Sex Mob). "Os músicos deste álbum são todos meus amigos. Para criar algo tão próximo ao meu coração eu percebi que não precisava ir tão longe de casa. Estes estão entre os melhores músicos de Nova Iorque. Eu toco com eles, então eu tive a oportunidade de tocas todas as músicas muito antes de gravá-las e pude desenvolver a sonoridade que realmente queria". Produtor Steve Addabbo (Suzanne Vega, Shawn Colvin, Sonya Kitchell) deu a Chiara o espaço certo, com arranjos transparentes e uma produção leve e aconchegante.

Chiara explora o espaço entre através de uma variedade de canções bem trabalhadas, escritas sozinha e com colaboradores. "Depois de meu primeiro álbum eu peguei o violão e combinei meu amor profundo por bossa nova com a necessidade de encontrar um lugar simples dentro de mim, de onde as coisas pudessem fluir, simples e verdadeiras...o violão é um instrumento que me permite sentir extremamente confortável com não saber o que estou fazendo...não ter um nome para cada acorde. Somente vou aonde ele me leva...o poder de esquecer ao invés de lembrar".

Chiara lembra como algumas das músicas surgiram:

"Born to Sail Away é a primeira canção que escrevi para o novo álbum. Escrevi em 2005, e é engraçado, como Rilke diz, como o futuro entra na sua vida muito antes dos fatos, muito antes que você saiba...quem imaginaria que o CD inteiro teria violão?"

"If you ever think of me é a primeira canção que escrevi começando pela letra. No início, o refrão dizia "Eu realmente preciso de você agora mas eu me pergunto o tempo todo/Se seu espaço entre nós está tão cheio de nós quanto o meu". Então eu percebi que era muito intricado, e cheguei numa maneira muito mais "figurativa" de dizer isso: "Porque você e eu/Nunca estamos sob o mesmo céu". Breve, simples e verdadeiro...infelizmente".

"Isola (que significa "Ilha") é uma das minhas músicas preferidas. Rocco Papaleo e eu nos encontramos através de amigos em comum na ilha de Stromboli no úlimo verão enquanto estávamos descansando de nossas turnês. Do momento em que nos conhecemos, passamos algumas horas com o violão e café, escrevendo. Eu nunca tinha escrito com um artista italiano antes, e Rocco realmente me fez sentir em casa. Eu tinha uma melodia, tínhamos uma letra para Isola".

"Seagulls é uma canção que eu comecei em Rockaway Beach no Brooklyn, NY, na companhia de um bom amigo e meu primo, e que terminei em Stromboli, na companhia de outros bons amigos, assistindo a um dos melhores pores-do-sol e bebendo um ótimo vinho siciliano."

"Um dia eu estava passando por um tempo realmente difícil e me virei para Pete e disse para ele: 'Você sabe qual uma das músicas que eu mais amo? Skylark!' e ele disse 'eu também'. Então pelas 3 horas seguintes tentamos encontrar uma maneira de tocá-la com as poucas notas que eu sabia fazer no violão direto dos nossos corações e sem olhar a cifra, então senti como se tivesse sido escrita para mim. Durante a semana seguinte tudo o que fiz foi tocar Skylark e cantar Skylark...e Skylark e Pete me levaram para um lugar melhor."

Chiara nasceu em Roma e cresceu tocando o piano de sua avó. Ela frequentou uma escolha de música privada, onde estudou jazz e começou a cantar profissionalmente. Enquanto estava lá ganhou uma bolsa para a prestigiosa Berklee College of Music em Boston, onde estudou com o trombonista Harold Crook, saxofonistas Ed Tomassi e Jerry Bergonzi, entre outros. Depois de alguns anos na cena de Boston, se mudou para NY onde imergiu na música latina e brasileira e começou a escrever canções.

Produzido por Russ Titelman, o álbum de estréia Last Quarter Moon foi lançado pela Verve em 2005. A Revista Billboard notou que "a beleza, charme e fascinação da estréia da cantora/pianista/compositora Chiara Civello ...marcam um começo auspicioso e a primeira relevação do ano novo." O Internacional Herald Tribune declarou "sua combinação de personalidade,  profundidade e sofisticação...impressionante."

Chamada de "a melhor cantora de jazz de sua geração" por Tony Bennett, Chiara Civello faz por merecer a reputação com seu segundo lançamento; um que terá ouvintes contemplando a beleza de sua voz, de suas canções e do espaço entre.

O show do Living Room:



Setlist:

Seagulls
Born to sail away
Ora
Skylark